Terra, Identidade e
Resistência resumem o cotidiano vivido pelos Quilombolas do Rio dos Macacos
após o início da intervenção territorial feita pela Marinha do Brasil. Em
meados da década de 60, o palco de uma história construída ao longo de mais de duzentos
anos de sofrimento e dignidade foi doado pela Prefeitura de Salvador como forma
de ressarcimento ao nosso órgão federal designado a proteção naval da nação. Desde
então, medidas vem sendo tomadas para a retirada desses “invasores”, as quais obtiveram como
resultado a expulsão de aproximadamente setenta
famílias para a construção da vila militar. Entretanto a parte sobrevivente
ainda luta pela permanência junto a suas raízes. A covarde batalha está sendo
intensificada através de méritos judiciais, liminares de despejos estão sendo
combatidas pela pressão social que já não foi suficiente para impedir a
proibição da colheita, pesca, plantio e todas as atividades de subsistência que
eram exercidas pelas quilombolas. Essa proibição acabou por condicionar a sobrevivencia
dos quilombolas aos donativos mobilizados por grupos de voluntários que se
dipõem a amparar a comunidade.
No
mês de agosto, a tensão se manifesta novamente quando, no dia sete, segundo o
site da Defensoria Publica da União, “O juiz Evandro Reimão dos Reis conservou a própria decisão liminar que, em novembro de 2010,
determinou a desocupação da área” também foi a afirmado a existência de um
“estudo realizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)
que classificou Rio dos Macacos como área quilombola, mas o documento ainda não
foi disponibilizado à Defensoria. Para o defensor Átila Dias, ele é
essencial à defesa e deve ser acrescentado aos processos. “O juiz tinha
ciência de que o relatório do INCRA estava pendente de publicação no Diário
Oficial da União”, destacou.”.
O grupo de voluntariado apartidário Juventude Politizada é formado
por estudantes que, através de ações voluntárias, objetivam trazer novas perspectivas para problemas
sociais e estimular o desenvolvimento da
criticidade dos jovens. A comunidade do Rio dos Macacos entrou na
pauta do grupo no início do ano de 2012 e, no decorrer deste período, já foram
doados mais de uma tonelada de alimentos, cadeira de rodas, cadeira de banho,
andador, roupas, material de higiene e limpeza para as quarenta e seis famílias
ainda residentes. A grande demanda deu origem ao projeto do debate Terra,
Identidade e Resistência que junto ao apoio do Colégio Módulo será realizado no
dia 28 de agosto, às 19h, no Teatro Módulo com a presença de professores da
área humanística que contextualizarão assuntos abordados no ENEM inserindo a
comunidade no conteúdo; um representante do INCRA; Representantes da Comunidade
Quilombola Rio dos Macacos e o apoio de
Duda Diamba que fará as intervenções musicais.
O convite também abrangeu o órgão da Marinha do Brasil que respondeu a
impossibilidade da presença de seus representantes no evento. A entrada custa R$5,00 (ingressos vendidos
na recepção do Colégio Modulo e no Módulo Espaço Vestibular) e toda a renda
será revertida em alimentos para os quilombolas.
Rodrigo
Chetto
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