sexta-feira, 25 de março de 2011

Carnaval: do "Pão e Circo" a " Negra Fulô"...

Carnaval, o momento de alegria e de orgulho do povo baiano. A sensação de igualdade onde vemos todos os grupos sociais reunidos cumpre com o objetivo do evento. Não e nem se passa perto disso, o carnaval antes de tudo é um comercio lucrativo (menos pra prefeitura que sempre gasta mais o que recebe... Pelo menos é o que dizem seus representantes) e não podemos esquecer que virou uma marca registrada da exclusão social.
         “As senzalas se transformam em cordas, os casarões em camarotes, os chicotes em cassetetes e os escravos em cordeiros, ambulantes e catadores de latinha“.
E ainda nos orgulhamos de um carnaval como esse? Será que é justo a Elite tomar as vias publicas com seus camarotes e as classes menos favorecidas (MENOS uma porra, as classes NÃO FAVORECIDAS) ficarem do lado de fora esperando você acabar com sua latinha de cerveja para que ele possa catá-la, e gerar uma pequena renda extra para poder alimentar o seu direito de viver? Cordas que excluem 80% da população que banca toda a produção do carnaval através dos impostos (que não são poucos). Blocos e Camarotes que superam o valor do salário da maior parte da classe trabalhadora brasileira. Não podemos deixar que a festa apague todos esses fatores que degradam a sociedade. Mas infelizmente para a elite o carnaval é o “CIRCO” e para os Indigentes o “PAO” e assim o sistema se sustenta.
Alem de todos os fatores de exclusão a população menos favorecidas (Negros pobres na maioria) tem que sofrer com o preconceito. Nesse carnaval de 2011, o Cantor Marcio Vitor da banda Psirico foi vitima do abuso em plena avenida, resultando na interrupção do seu trio seguida de um grande desabafo. Temos uma policia que trata negros diferentemente dos brancos ao abusarem da violência. Ai me pergunto: qual o potencial de uma cidade de 80% de população negra continuar a produzir um carnaval com todos esses estereótipos definidos? E Digo definidos e incorporados pela população uma vez que aceitam a GLOBELEZA, mulher Negra que dança somente coberta por pinturas nas vinhetas da Emissora GLOBO, O negra fulo... Mais uma vez a negra retratada como sensual, sem moral (não queira dizer que naquela mulher despida você ver uma mulher pura e cândida e se você pensa assim imagine se você aceitaria sua mãe, sua filha ou sua esposa nesse papel).
Já deu pra perceber que precisa de uma reforma na gestão do carnaval, medidas sócias precisam ser aplicadas. È preciso que o espírito de carnaval seja devolvido pelo capitalismo, trazendo de volta as raízes dos primeiros carnavais. E assim tornando o carnaval verdadeiramente soteropolitano o que já não acontece mais, já que foi constatado que 77,9%* dos soteropolitanos preferem fugir do carnaval em sua maioria permanecendo em suas casa.

Rodrigo Chetto 

#TIqueDica

*segundo dados da pesquisa efetuada pela Secretaria Estadual de Cultura (Secult) e pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI/SEPLAN), em parceria com o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb).